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Mensagens

A mostrar mensagens de 2018

Recados nas paredes de Tomar.

Tomar, 2018 Quando uma cidade nos pede para lermos as suas paredes, quer ter a certeza que partiremos diferentes do que chegamos. E quantas casas com gente, vazias de tudo? É sempre mais fácil apontar o dedo no plural; distrais o outro do teu singular. Só serás manipulado no dia em que largas o traje e vestes o fato e a gravata. Poesia: se não a percebes por onde passas, terás de a comprar.                                 Nada nem ninguém é perfeito, nem mesmo aquilo ou quem nos ensina.

Postits para o frigorífico.

Todo o patinho feio tem uma história para contar. Quando essa história é uma lição de vida, não há ganso, por mais belo que seja, capaz de a superar. Andamos cheios de pressa para chegar a lado nenhum. A ideia não era chegar a nenhum lado, era só desfrutar do caminho. Às vezes o ponto de partida é só um ponto de vista diferente. Essa nova vista, na maioria das vezes, está onde menos se espera. Na vida nem tudo se procura, encontra-se. Bem hajam os sortudos que pararam para olhar pela janela certa.

Entre o sol e a farmácia.

Abri o email e lá estava um recado carinhoso da minha médica de família: "Já vi as análises e precisas vitamina D." E eu que tenho procurado tanto por uma luz, agora estou indecisa entre aviar a receita eletrónica que recebi no telemóvel ou ir à procura do meu lugar ao sol. (Leio emails todos dias, mas na vida nada acontece por acaso.)

Há pessoas para tudo.

Há pessoas que têm problemas maiores que os meus. Há pessoas que têm mundos mais pequenos que o meu. Há pessoas que dão o corpo às balas e outras que desistem. Todas corajosas, à sua maneira. Há quem tenha vindo ao mundo para nos amar e quem tenha vindo para nos pontapear.  Precisamos de todas, mais que não seja para sabermos o que não queremos. Há pessoas que nos merecem, há pessoas que não merecemos. Há vidas com pessoas a mais e outras com pessoas a menos. Há caminhos e caminhantes. Os caminhos só existem porque os caminheiros chegaram primeiro.

Domingos a 2.

Depois de uma semana a mil, domingos a dois são precisos! Porque no final, só conta quem está mesmo ao nosso lado. Tudo o resto são flores, floreados, almoços a correr, vinhos a copo, emails envenenados e toques de telemóvel dispensáveis, lanches fugazes com uma mão no iogurte líquido e outra no teclado, meias verdades, mentiras inteiras e relógios que contam o tempo que falta até domingo. Porque ao domingo eu escolho o vinho, pouso em lugares com sol que aquecem pela janela , gasto os minutos que entender a admirar as flores de uma jarra, em vez de beber sofregamente iogurtes líquidos, faço panquecas. Demoram mais tempo a fazer e a saborear. Ao domingo não olho para o relógio, só olho para ti. 

Só os fortes desistem.

Ao contrário daquilo que nos dizem desde pequeninos, desistir não é o mais fácil. É o mais difícil e não é para todos! Nos tempos em que passávamos horas sentados na carteira da escola e ainda mal chegávamos com os pés ao chão, ouvíamos adultos discursar sobre os mais fortes, os tais que nunca desistiam, aqueles que persistiam a todo o custo, os valentes que nunca baixavam os braços, porque a bem da verdade, dos fracos não rezava a história. Fomos somando anos à medida que os pés iam chegando ao chão, fomos ganhando couraça, fomos perdendo as ilusões do tempo da carteira de escola, fomos caminhando, tantas vezes contrariados, tantas vezes desanimados. Quantos de nós chegamos onde não queríamos? Quantos de nós erramos no caminho? A quantos de nós os planos saíram furados? Desistir é ter a coragem de não querer mais. Não querer mais um emprego que nos inferniza, não querer mais uma amizade que nos intoxica, não querer mais um casamento que nos amargura. Desistir é...