Quando apenas 182,5 dias do ano são contigo, metade da minha vida fica suspensa, à tua espera, durante outros longos e intermináveis 182,5 dias.
Por amor abdico, contas feitas, de cinquenta por cento, para que vivas um pai e uma mãe, por inteiro, na percentagem total que te é devida.
Na matemática da vida, por não te ser justo subtrair, prefiro somar-te, dar-te o que é teu por direito à nascença, multiplicar-te momentos, afetos, casas, gente, partilhas, rotinas. Se para ti procuro somas e multiplicações, reservo para mim as subtrações e divisões.
Se isto não é amor, digam-me o que é!
Sempre odiei matemática, temia talvez a dureza das equações da vida adulta.
Dez anos depois, és claramente a expertise-de-como-viver-e-amar-em-dobro. Só eu sei e sinto, como precisas dessas duas metades para seres inteira, como absorveste dois lares e cada idiossincrasia de cada coração que te rodeia.
Ainda assim, a cada sexta-feira da troca de ninho, ainda hoje a sinto como se fosse a primeira vez. É este o preço que pago. Uma dívida eterna, onde os juros só parecem aumentar.
Pagarei para sempre o preço de abdicar de mim, de abdicar do meu egoísmo maternal de te querer sempre debaixo da minha saia, dos meus olhos, do meu controlo, do meu mundo, que nunca foi o mesmo desde que a ele chegaste.
Tenho a petulância de acreditar que ninguém te cuida como eu, ninguém te ama como eu, ninguém te protege como eu, mas também tenho a humildade de aceitar que precisas de muito mais do que a minha soberania sobre a tua vida.
Quando partes, é deixar cair aos saltinhos as lágrimas grossas que só eu vejo lá do alto da minha petulante saudade. Quando regressas é receber de braços bem abertos, o oxigénio da paz que tanta falta me faz.
É ver-te ir e voltar, cheia de vida, é saber que constróis hoje as memórias do teu amanhã e que nada te ficará por viver. Essa culpa nunca terei. Nunca te subtraí vida. Os sinais menos e as perdas ficaram comigo e dessa decisão não há arrependimentos.
Um dia, a sinceridade dos teus 12 anos verbalizou em voz alta a menina de sorte que eras, porque graças à separação, conseguiste conectar-te de forma incrível com cada um de nós "sabes mãe, quando estou contigo, estamos mesmo ligadas e quando estou com o pai estou mesmo conectada com ele, porque nós os três, pela nossa forma de vida, damos muito mais valor ao tempo!".
Foi nesse momento que o meu coração serenou, afinal devo estar a fazer alguma coisa bem.
Por amor abdico, contas feitas, de cinquenta por cento, para que vivas um pai e uma mãe, por inteiro, na percentagem total que te é devida.
Na matemática da vida, por não te ser justo subtrair, prefiro somar-te, dar-te o que é teu por direito à nascença, multiplicar-te momentos, afetos, casas, gente, partilhas, rotinas. Se para ti procuro somas e multiplicações, reservo para mim as subtrações e divisões.
Se isto não é amor, digam-me o que é!
Sempre odiei matemática, temia talvez a dureza das equações da vida adulta.
Dez anos depois, és claramente a expertise-de-como-viver-e-amar-em-dobro. Só eu sei e sinto, como precisas dessas duas metades para seres inteira, como absorveste dois lares e cada idiossincrasia de cada coração que te rodeia.
Ainda assim, a cada sexta-feira da troca de ninho, ainda hoje a sinto como se fosse a primeira vez. É este o preço que pago. Uma dívida eterna, onde os juros só parecem aumentar.
Pagarei para sempre o preço de abdicar de mim, de abdicar do meu egoísmo maternal de te querer sempre debaixo da minha saia, dos meus olhos, do meu controlo, do meu mundo, que nunca foi o mesmo desde que a ele chegaste.
Tenho a petulância de acreditar que ninguém te cuida como eu, ninguém te ama como eu, ninguém te protege como eu, mas também tenho a humildade de aceitar que precisas de muito mais do que a minha soberania sobre a tua vida.
Quando partes, é deixar cair aos saltinhos as lágrimas grossas que só eu vejo lá do alto da minha petulante saudade. Quando regressas é receber de braços bem abertos, o oxigénio da paz que tanta falta me faz.
É ver-te ir e voltar, cheia de vida, é saber que constróis hoje as memórias do teu amanhã e que nada te ficará por viver. Essa culpa nunca terei. Nunca te subtraí vida. Os sinais menos e as perdas ficaram comigo e dessa decisão não há arrependimentos.
Um dia, a sinceridade dos teus 12 anos verbalizou em voz alta a menina de sorte que eras, porque graças à separação, conseguiste conectar-te de forma incrível com cada um de nós "sabes mãe, quando estou contigo, estamos mesmo ligadas e quando estou com o pai estou mesmo conectada com ele, porque nós os três, pela nossa forma de vida, damos muito mais valor ao tempo!".
Foi nesse momento que o meu coração serenou, afinal devo estar a fazer alguma coisa bem.

Comentários
Enviar um comentário