Avançar para o conteúdo principal

Sou eu.

O meu sangue não é azul* mas também não é de barata.
Eu já não me iludo mas ainda me desiludo.
Quando me levam ao limite, desligo.
A única coisa capaz de me cansar é ter que lidar com uma alma que não evolui.
Sou corrosiva com quem quer parecer e não é.
Sou intolerante à sacanice e alérgica a gente "pequena".
Já não vivo os problemas dos outros como se fossem meus mas ainda me deixo incomodar.
Sou incapaz de vingança por acreditar que a vida sempre acaba por tratar do assunto com requintes de malvadez que eu jamais conseguiria ter.
Sou a rapariga do tudo ou nada, há quem de mim tenha tudo e há quem de mim não tenha nada. Abomino bajulice ou vaidades doentias. Identifico um lambe-botas, tranquilamente num raio de 10km.
Apoio sempre quem erra pela primeira vez, mas à segunda, avanço. Repetir o mesmo erro deixa de  ser desconhecimento e passa a ser opção. Já não me enquadro.
Perdoo mais facilmente do que peço desculpa.
Uso o silêncio como resposta a muita coisa, poupa-me o desgaste! E esta aprendi com a idade!
Quando detecto o mínimo sinal de inveja, evaporo-me. Quero distância. Ponto.
Dispenso  cérebros que opinam sobre tudo como mais ninguém neste planeta tivesse olhos, boca ou ouvidos. 
Ensurdeço perante criaturas que se vitimizam de manhã, à tarde e à noite, incluindo fins-de-semanas. Eu sei, sou uma impaciente! É um facto, às vezes prefiro comer pão seco porque não tenho paciência para fazer torradas! Acho as torradeiras estupidamente lentas!
Recebo de braços abertos gente de bem com a vida, com facilidade em rir e fazer rir, ou gente naif que inevitavelmente me enternece.
Adoro sentir areia nos pés.
Adoro finos e tremoços.
Adoro viajar, mas amo muito mais voltar a casa.
Dêem-me ameijoas à bolhão pato numa tasca qualquer junto à praia e fico feliz.
Quando amo, admiro e isto para mim é imprescindível. Porque quem ama tem que admirar virtudes e defeitos e sentir-se assoberbado com tamanha conjugação dos mesmos. Caso contrário, gosta-se! E gostar... eu cá gosto de uma boa feijoada à transmontana!



* Por Azul entenda-se abrasonado. FCP sempre!


Mensagens populares deste blogue

Residência alternada, amor permanente.

Quando apenas 182,5 dias do ano são contigo, metade da minha vida fica suspensa, à tua espera, durante outros longos e intermináveis 182,5 dias. Por amor abdico , contas feitas, de cinquenta por cento, para que vivas um pai e uma mãe, por inteiro, na percentagem total que te é devida.  Na matemática da vida, por não te ser justo subtrair, prefiro somar-te , dar-te o que é teu por direito à nascença, multiplicar-te momentos, afetos, casas, gente, partilhas, rotinas. Se para ti procuro somas e multiplicações, reservo para mim as subtrações e divisões.  Se isto não é amor, digam-me o que é! Sempre odiei matemática, temia talvez a dureza das equações da vida adulta. Dez anos depois, és claramente a expertise-de-como-viver-e-amar-em-dobro. Só eu sei e sinto, como precisas dessas duas metades para seres inteira, como absorveste dois lares e cada idiossincrasia de cada coração que te rodeia. Ainda assim, a cada sexta-feira da troca de ninho, ainda hoje a sinto como se fosse a...

Mãe de adolescente

Ser mãe de adolescente é ser convocada, não quando se quer, mas quando menos se espera; é oferecer os cromos do Lidl à criança atrás de nós na fila do supermercado, porque lá em casa o seu único destino seria o caixote do lixo;   é intuir que a nossa gaveta da maquiagem foi assaltada silenciosamente; é agonizar com a música da Bershka e sentir uma saudade nostálgica das idas aos ToysR’us, daquelas repletas de pedinchices, puzzles didácticos, amuos, beicinhos e barbies de pochete e tacão alto. Ser mãe de adolescente é sentir-se claramente a mais na friendzone , é perceber que a boleia de carro é substituída com preferência evidente por uma viagem de metro rodeada de amigos; é esforçar-se por entender o dialecto adoptado pela criatura que agora habita lá em casa, sem se sentir o sistema nervoso central a colapsar; é perceber quando tem de recuar porque o mau humor se instalou e quando tem de se aproximar porque o barco do amor atracou e desfrutar do desembarque o mais que c...

Ser mãe ou amiga?

O tema inquieta-me , porque me deixa vulnerável perante a possibilidade de estar a fazer tudo errado. Fico aflita, no sentido mais aflito da palavra porque temo as consequências de tudo o que fiz errado puderem tornar derradeiro um final infeliz e irrecuperável. Se calhar, se pudesse recomeçar bem lá no início da maternidade deveria fazer tudo diferente. Se calhar devia, mas temo, com toda a certeza, que seria incapaz.  Não me querendo desculpar mas aproveitando para me justificar, pertenço à geração X , ainda que do fim da mesma (1978), isto é, aquela que roça os Millennium’s. Aquela geração que jamais se repetirá, dizem os saudosistas.  Nascemos na era analógica mas fomos suficientemente inteligentes para aprender o digital.  Vivemos muito perto do abismo , sem cadeirinhas de bebé isofix ou cintos de segurança automóvel.  Saíamos de casa de manhã e voltávamos ao fim do dia, sem que os nossos pais sentissem necessidade de nos reportar à PSP como desaparecidos ....