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Mensagens

Residência alternada, amor permanente.

Quando apenas 182,5 dias do ano são contigo, metade da minha vida fica suspensa, à tua espera, durante outros longos e intermináveis 182,5 dias. Por amor abdico , contas feitas, de cinquenta por cento, para que vivas um pai e uma mãe, por inteiro, na percentagem total que te é devida.  Na matemática da vida, por não te ser justo subtrair, prefiro somar-te , dar-te o que é teu por direito à nascença, multiplicar-te momentos, afetos, casas, gente, partilhas, rotinas. Se para ti procuro somas e multiplicações, reservo para mim as subtrações e divisões.  Se isto não é amor, digam-me o que é! Sempre odiei matemática, temia talvez a dureza das equações da vida adulta. Dez anos depois, és claramente a expertise-de-como-viver-e-amar-em-dobro. Só eu sei e sinto, como precisas dessas duas metades para seres inteira, como absorveste dois lares e cada idiossincrasia de cada coração que te rodeia. Ainda assim, a cada sexta-feira da troca de ninho, ainda hoje a sinto como se fosse a...

A vida aos 40: podiam ter avisado!

Entrei nos 40 com o mesmo espírito da festa de aniversário, onde nada faltou incluindo os ternurentos balões dourados em forma de quatro e zero e a faixa de Miss Forty & Sexy . Despreocupada, em harmonia com o meu reflexo no espelho e principalmente grata pelo caminho até ali, dancei e ri como há muito tempo não fazia. Tudo vivido na melhor companhia. Para a posteridade ficaram as fotografias que registaram a festa. Eu até mostrava, mas ficaram tremidas, se é que me entendem! Tranquila pelo que viria lá fui recebendo as novidades dos entas sem perder a calma. A carta da seguradora informava com paninhos quentes que o seguro de saúde iria aumentar duzentos euros por ano. Só duzentos! Respirei fundo. Na verdade, respirar (pelo menos pelo nariz) também já não anda a ser fácil. Que o digam as visitas ao otorrinolaringologista, os exames complementares aos seios perinasais e os sprays enfiados nas narinas religiosamente às horas recomendadas. Tenham calma. I...

Recados nas paredes de Tomar.

Tomar, 2018 Quando uma cidade nos pede para lermos as suas paredes, quer ter a certeza que partiremos diferentes do que chegamos. E quantas casas com gente, vazias de tudo? É sempre mais fácil apontar o dedo no plural; distrais o outro do teu singular. Só serás manipulado no dia em que largas o traje e vestes o fato e a gravata. Poesia: se não a percebes por onde passas, terás de a comprar.                                 Nada nem ninguém é perfeito, nem mesmo aquilo ou quem nos ensina.

Postits para o frigorífico.

Todo o patinho feio tem uma história para contar. Quando essa história é uma lição de vida, não há ganso, por mais belo que seja, capaz de a superar. Andamos cheios de pressa para chegar a lado nenhum. A ideia não era chegar a nenhum lado, era só desfrutar do caminho. Às vezes o ponto de partida é só um ponto de vista diferente. Essa nova vista, na maioria das vezes, está onde menos se espera. Na vida nem tudo se procura, encontra-se. Bem hajam os sortudos que pararam para olhar pela janela certa.

Entre o sol e a farmácia.

Abri o email e lá estava um recado carinhoso da minha médica de família: "Já vi as análises e precisas vitamina D." E eu que tenho procurado tanto por uma luz, agora estou indecisa entre aviar a receita eletrónica que recebi no telemóvel ou ir à procura do meu lugar ao sol. (Leio emails todos dias, mas na vida nada acontece por acaso.)

Há pessoas para tudo.

Há pessoas que têm problemas maiores que os meus. Há pessoas que têm mundos mais pequenos que o meu. Há pessoas que dão o corpo às balas e outras que desistem. Todas corajosas, à sua maneira. Há quem tenha vindo ao mundo para nos amar e quem tenha vindo para nos pontapear.  Precisamos de todas, mais que não seja para sabermos o que não queremos. Há pessoas que nos merecem, há pessoas que não merecemos. Há vidas com pessoas a mais e outras com pessoas a menos. Há caminhos e caminhantes. Os caminhos só existem porque os caminheiros chegaram primeiro.

Domingos a 2.

Depois de uma semana a mil, domingos a dois são precisos! Porque no final, só conta quem está mesmo ao nosso lado. Tudo o resto são flores, floreados, almoços a correr, vinhos a copo, emails envenenados e toques de telemóvel dispensáveis, lanches fugazes com uma mão no iogurte líquido e outra no teclado, meias verdades, mentiras inteiras e relógios que contam o tempo que falta até domingo. Porque ao domingo eu escolho o vinho, pouso em lugares com sol que aquecem pela janela , gasto os minutos que entender a admirar as flores de uma jarra, em vez de beber sofregamente iogurtes líquidos, faço panquecas. Demoram mais tempo a fazer e a saborear. Ao domingo não olho para o relógio, só olho para ti.