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O Telefonista é vosso. Lançamento - Porto, 14 de junho de 2025

O dia que apresentei o meu primeiro livro ao mundo. E que dia magnifico! Ao chegar à livraria Fnac nem queria acreditar. Amigas de infância, amigas da idade adulta, família, desconhecidos, vieram de perto, outros de longe, só para me ouvir. Eu que adoro palavras, temo não conseguir explicar a alegria imensa que senti. O amor que recebi neste dia ficará para sempre em mim.  Falei genuinamente sobre o livro, sobre a razão da sua existência e todo o processo da escrita.  Expus sentimentos sem pudor ou receio, porque à minha frente via uma plateia emocionada e em silêncio a receber toda a minha verdade. Depois, mergulhei num mar de autógrafos e abraços. Ouvi tantas palavras de amor e dei conta que, sem saber, marquei a vida de tantos que passaram pela minha. Às vezes, o amor está onde menos se espera. Mil vezes obrigada💙                              

O telefonista

O meu sonho tornado realidade: O Telefonista. O meu livro, que a partir de hoje deixa de ser só meu, será também de quem o quiser.  Uma história verídica. A minha. Precisei de a escrever para o meu coração sossegar.  Agora que está disponível para a partilhar com o mundo, o meu coração rebenta de alegria, entusiasmo e muita adrenalina. Espero que gostem.🩷

A idade dá, mas também tira

A idade oferece  experiência, sagacidade e muita serenidade que contrasta com a pressa e a inquietude de outrora. Mas também nos tira , de mansinho e com pinças cirúrgicas que levantam pensos que só percebemos ter quando eles se descolam da pele, devagar.  A juventude soma amigos, momentos velozes de alegria, projectos e conquistas. Anos imunes a perdas. É uma conta de somar sem fim à vista, que um dia vira subtração , lá mais para a frente.  Percebemos o dia em que lá chegamos quando abrimos o calendário e nos deparamos com o lembrete do aniversário daquela amiga que partiu há poucos dias.  Numa fração de segundo, estamos a clicar o botão direito do rato e ordenamos apagar .  Repetimos a ordem à lista de contactos. “Tem a certeza que deseja apagar este contacto?” - Claro que não! Mas do que me serviria um número de telemóvel que já não toca, que por agora esbarra no voice mail até ao dia em que se torna numero não atribuído? Apagar. Está feito.  De...

Fui tudo o que consegui ser.

  Sou pedra de tanto que me construí, sou água de tanto que me deixei levar, sou estaca de tanto que me reergui e sou mel de tanto que amei. Sou tudo o que consegui ser. Uns dias fui tudo , noutros nem existi . Tanta fortuna amealhei, esta abundância desmedida de vida, de perda e vazio, de coragem cheia de esperança. Por todos os ásperos capítulos, eu já me perdoei .  A paz interior instala-se devagarinho naquele que faz as pazes consigo mesmo, naquele que aceita tudo como seu, mesmo o mau, porque mesmo o mau traz sempre algum bem. Basta procurar .

Dez anos depois.

Papá, estamos a viver uma pandemia.  Estou dentro de casa há vinte dias. Já senti tudo, papá! Medo, tristeza, pânico, saudade. Já precisei de contar de forma decrescente dos vinte aos zero, algumas vezes. Na verdade, mais vezes do que aquelas que julguei precisar. Ao fim de uma longa e forçada semana em casa, saí à rua pela primeira vez, por poucos minutos, para ir à padaria. A rua estava praticamente vazia, ouvia-se cada nota de um silêncio perturbador e difícil de explicar, o ar parecia suspenso, ameaçador. As poucas pessoas que vi, de rosto escondido numa máscara, não se olhavam de frente, os seus olhos fugiam dos olhos dos seus semelhantes. Estranhamente parecia que ninguém se queria encarar. Já é difícil não partilhar alegria, para quê fazer questão de partilhar tristeza? A padaria parece um cenário de guerra, com barreiras que nos impedem de chegar ao balcão ou às mesas, com paredes de acrílico mal-amanhadas a separar quem quer pão de quem o quer vend...

Mãe de adolescente

Ser mãe de adolescente é ser convocada, não quando se quer, mas quando menos se espera; é oferecer os cromos do Lidl à criança atrás de nós na fila do supermercado, porque lá em casa o seu único destino seria o caixote do lixo;   é intuir que a nossa gaveta da maquiagem foi assaltada silenciosamente; é agonizar com a música da Bershka e sentir uma saudade nostálgica das idas aos ToysR’us, daquelas repletas de pedinchices, puzzles didácticos, amuos, beicinhos e barbies de pochete e tacão alto. Ser mãe de adolescente é sentir-se claramente a mais na friendzone , é perceber que a boleia de carro é substituída com preferência evidente por uma viagem de metro rodeada de amigos; é esforçar-se por entender o dialecto adoptado pela criatura que agora habita lá em casa, sem se sentir o sistema nervoso central a colapsar; é perceber quando tem de recuar porque o mau humor se instalou e quando tem de se aproximar porque o barco do amor atracou e desfrutar do desembarque o mais que c...

Residência alternada, amor permanente.

Quando apenas 182,5 dias do ano são contigo, metade da minha vida fica suspensa, à tua espera, durante outros longos e intermináveis 182,5 dias. Por amor abdico , contas feitas, de cinquenta por cento, para que vivas um pai e uma mãe, por inteiro, na percentagem total que te é devida.  Na matemática da vida, por não te ser justo subtrair, prefiro somar-te , dar-te o que é teu por direito à nascença, multiplicar-te momentos, afetos, casas, gente, partilhas, rotinas. Se para ti procuro somas e multiplicações, reservo para mim as subtrações e divisões.  Se isto não é amor, digam-me o que é! Sempre odiei matemática, temia talvez a dureza das equações da vida adulta. Dez anos depois, és claramente a expertise-de-como-viver-e-amar-em-dobro. Só eu sei e sinto, como precisas dessas duas metades para seres inteira, como absorveste dois lares e cada idiossincrasia de cada coração que te rodeia. Ainda assim, a cada sexta-feira da troca de ninho, ainda hoje a sinto como se fosse a...